domingo, 17 de janeiro de 2010

Resenha do Filme MATRIX


RESENHA DO FILME MATRIX
Século 20 e 21, seria real essa contemporaneidade?, o cotidiano, trabalhar?, estudar? Comer?, seguir regras de conduta e de convivência?, “seríamos um conjunto de indivíduos associados e seu sistema que forma ao se unir e que varia conforme a disposição na superfície do território, a natureza e o número das vias de comunicação e que constitui a base sobre a qual se estabelece a vida social?”, estaria certo Durkheim?; mas será que realmente nossas atividades diárias são reflexo do real? Ou será tudo ilusão? Essa primeira discussão do filme, o que é real? Ou o que é ilusão? É uma das bases do discurso do filme, o que é real? Ou que é ilusão? É uma das bases do discurso do filme, que retrata como seria viver num mundo criado pelas máquinas através de um programa chamado Matrix, que remonta com fidedignidade a realidade caótica de nosso século, onde o objetivo é manter a humanidade presa a essa enorme simulação; pois, para qualquer geração, a distinção entre o que é real e o que é apenas percebido como real é uma questão pertinente, tanto que já foi tratada por Confúcio, Platão (O mito das Cavernas) e Descartes (Quando penso sobre os meus sonhos claramente, vejo que nunca existem sinais certos pelos quais estar acordado pode se distinguir de estar dormindo. O resultado é que certos pelos quais estar acordado pode se distinguir de estar dormindo. O resultado é que fico tonto e esse sentimento só reforça a idéia de que eu posso estar sonhando); a segunda discussão do filme é a que os homens em guerra contra as máquinas com suas inteligências artificiais, bloqueiam a luz do sol, para que elas não obtivessem energia solar para sobreviverem, então, sem a energia solar como fonte de energia, tiveram que obter outra fonte, que por revés, tornaram-se sendo os próprios homens, onde através de casulos, homens e mulheres, nascem e morrem, servindo de fonte de energia às máquinas (sinergia – capacidade de várias mídias se alimentarem umas das outras) e sendo pacificados pela Matrix.
O personagem principal vivido pelo ator Keanu Reeves, interpreta o Neo, que trabalha numa empresa de softwere de dia, onde é programador, e também é um hacker conhecido no submundo, até que começa a ter contato com Morpheus (Morfeu tem a habilidade de assumir qualquer forma humana e aparecer nos sonhos das pessoas como se fosse a pessoa amada por aquele determinado indivíduo; curiosamente a droga morfina tem seu nome derivado de Morfeus, visto que ela propicia ao usuário sonolência e efeitos análogos aos sonhos), vivido pelo ator Laurence Fishburne, que vira uma espécie de guru e guia de Neo, o liberta oferecendo-lhe a pílula vermelha que o faz ver a verdade, uma analogia ao Mito da Caverna de Platão em a República cap.VII, por outro lado poderia tomar a pílula azul e continuaria manter-se na ilusão; junto ao Neo e ao Morpheus a Trinity (relativo a santíssima trindade, que no filme seriam: Neo, Morpheus e a própria Trinity), interpretada pela atriz Carie-Ann Moss, onde vive uma guerreira cujo o amor por Neo forma a rocha que dá força aos dois homens. O trio de guerreiros fazem a base do filme, que formam um movimento de resistência às máquinas, onde Neo faz uma espécie de salvador (Cristianismo), com uma habilidade de contornar e quebrar as regras da matrix , sendo capaz de libertar a humanidade do controle das máquinas, no entanto, as máquinas tem sua defesa, agentes virtuais capazes de defender a matrix dos invasores, agente principal dessa defesa é o agente Smith (nome comum nos USA, que no filme mais tarde será associado a um vírus), representado pelo ator Hugo Weaving, ele tem a missão de descobrir o código de localização de Zion, a última cidade humana existente, uma cidade onde a sociedade se formaria através de uma solidariedade orgânica. “um sistema de funções diferentes e especiais, que unem relações definidas, ou seja uma solidariedade produzida pela divisão do trabalho.”, assim definiria Duurkheim, essas funções de trabalho seria a base mantenedora de Zion, onde a consciência individual é subordinada a consciência coletiva. Essa cidade teria uma forma de dominação legítima, que seria legal pois assumiria um procedimento racional através de regras abstratas de caráter técnico ou normativo, e a justiça viria da aplicação dessas regras.
Uma terceira discussão do filme seria uma abordagem religiosa, “Os humanos eram ignorantes do que não podiam ver. Havia muitas ilusões, como se eles estivessem mergulhados no sono e se encontrassem em pesadelos, Eles estavam fugindo, perseguindo outros, envolvidos em ataques, caindo de lugares altos ou voando mesmo sem ter asas. Quando acordam, eles não vêem nada, Ao deixar a ignorância de lado, não estimam suas obras como coisas sólidas, mas as deixam para trás como um sonho.” Essas palavras poderiam muito bem ser ditas por Morpheus em um de seus discursos a Neo, mas na verdade são trechos do Evangelho da Verdade, um manuscrito do século 4 encontrado em 1945 em um jarro enterrado no Egito. Ele faz parte de um conjunto de manuscritos chamado Nag Hammadi, que descreve a crença dos gnósticos, um grupo de cristãos que viveu entre os séculos 2 e 5 e possuía suas próprias escrituras, crenças e rituais. “É a corrente cristã que mais se assemelha à Matrix. Eles acreditavam que nós iríamos acordar do mundo material e perceber que essa não era a realidade verdadeira”, afirma a professora de história da religião Frances Flanery Dailey, do Hendrix College, nos Estados Unidos . Não são poucas as referências que o filme faz ao cristianismo. Neo é tido como um messias e ressuscita no final do filme, Ele é amigo de Apoc (apocalipse) e Trinity (“trindade” em inglês). A última cidade humana, Zion, é uma referência a Sião, a antiga terra dos judeus, e a nave de Morpheus, Nabucodonosor, tem o nome do rei babilônico que aparece na Bíblia com um sonho enigmático que precisa ser decifrado. Nenhuma religião, no entanto, tem tantas semelhanças com o filme quanto o budismo. O principal ponto em comum é a idéia de samsara ou maya, segundo a qual nossas vidas são uma grande ilusão montada pelos nossos próprios desejos. É como se todo o mundo fosse, como diz Morpheus, “uma projeção mental da sua personalidade”, As pessoas estariam presas em um ciclo; elas tratam o que sentem como se fosse real e a ignorância de que aquilo é só uma ilusão as mantêm presas a esse mundo. Em uma das cenas do filme, Neo encontra uma criança com trajes de monge budista que entorta uma colher com a mente. O segredo, diz ela, é saber que a colher não existe. Uma vez superada a ilusão, atinge-se o nirvana, um estado que as palavras não podem descrever, em que a noção de indivíduo se perde. Um dos maiores reforços desse ciclo de ignorância é o fato de estarmos cercados de pessoas que também tratam ilusões como se fossem reais. “Essa idéia foi bem foi bem retratada no filme como uma rede de computadores que liga as percepções dos indivíduos, permitindo que um reforce no outro a ilusão de um mundo que não existe”, diz a historiadora Rachel Wagner, da Universidade de Iowa, que, assim como Frances, é autora de um texto comparado o filme às religiões. O caminho para a transcendência é a busca pessoal por iluminação, tanto para os budistas quanto para Morpheus, que afirma que “ninguém pode explicar o que é Matrix. Você precisa ser você mesmo”. Já Buda disse a seus seguidores: “Vocês próprios devem fazer o esforço; os que despertaram são apenas professores”, e a mesma explicação poderia vir de Morpheus: “Estou tentado libertar sua mente. Neo. Mas eu só posso lhe mostrar a porta.
O método dialético de Engels e Marx atentam para todas as formas de movimentos, inclusive as mudanças de estado, onde a dialética explica o movimento pela luta dos contrários, (o dominado sempre em conflito com o dominante), outro ponto é que em face da ação recíproca universal, onde as causas e efeitos se permitam continuamente: o que é efeito agora, ou aqui, passa a ser causa logo mais ou em outro lugar, e vice-versa. O marxismo diz que o desaparecimento do velho e o nascimento do novo são leis de desenvolvimento, então o mesmo ocorre na sociedade humana. Então seria certo afirmar que os homens na produção, com a intenção clara de produzir mais e gastar menos, possa ter dado a máquina o poder de pensar (artificialmente), onde num processo de resistência ao homem quiseram dominar a humanidade, onde à maquina deixaria de ser comandada pelo homem e passaria a controlá-lo. Porém, no filme Matrix, as máquinas tem um contexto dicotômico, ou seja, ela quer destruir o que seria a resistência, mas eles se utilizam delas pra proteger-se, sendo assim, sobreviveria o homem sem às máquinas?. Mas, esse processo de transformação não seria um processo qualitativo, como prediz a teoria Marxista e sim um processo evolucionista ou mesmo de transformação. Poderíamos usar essa teoria de transformação e utilizá-la como teorema em que Zion vence essa guerra, os humanos vencem às máquinas, seria a luta dos contrários onde essa mudança seria o benefício dos humanos, como por exemplo a capacidade de carregar informações diretamente do cérebro, além de vencer a guerra é claro, essa capacidade transformara o homem em metade máquina tendo conotações éticas e morais a serem discutidas, mesmo assim, teria uma questão de sobrevivência a ser discutida, se às máquinas elaborassem um programa capaz de controlar o homem metade máquina?, seria viável essa capacidade?.
O filme trouxe-me reflexões quanto a dependência do homem para com a máquina, será mesmo criada no futuro uma inteligência artificial capaz de revolta-se contra os homens, tem pesquisadores nessas áreas que afirmam existir essa possibilidade. Será?, bem, prefiro acreditar que não. Não dá para deixar de traçar um paralelo, caso tenha sido intencional ou inconsciente, por parte dos diretores, quanto o tal “conselho-mor” (Matrix Reloaded) fala da diferença entre às máquinas “do bem”, que fazem o serviço sujo para os humanos, e às máquinas “do mal”, que os querem destruir. Troque máquinas por imigrantes e norte americanos, e eis um retrato do atual estado das coisas nos EUA. Seria um exemplo?.

Por Flávio Fraga

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